sexta-feira, 30 de maio de 2008

afundou o fundo...

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No meu outro blog escrevi, sobre esse nosso 1984 caboclo, que na distopia lulista a novilíngua não precisa de enormes ministérios a reescrever dicionários. Basta substituir todo o raciocínio por metáforas futebolísticas. Pois o alvo mais recente desse esvaziamento do sentido das coisas foi o tal fundo soberano.

Lula e Guido Mantega, em seus delírios de potência petrolífera, queriam porque queriam o tal fundo. Os economistas palacianos admoestaram, os áulicos silenciaram, e nosso Colbert saiu-se com uma solução digna de toda a malemolência e ziriguidum destes trópicos: em vez de tomar emprestado a juros altos para fazer investimentos pouco rentáveis, vamos economizar e investir nos melhores títulos da atualidade, em termos de relação risco/benefício: os da dívida pública brasileira. Ou seja, no lugar de nos tornar-se devedor de quem cobra muito para poder ser credor de quem paga pouco, o governo fará uma poupancinha para ser credor de si mesmo. Para uma esquerda tão singular, graças à qual o Estado brasileiro tem superávit nominal pela primeira vez na história recente, a saída tem uma virtude maravilhosa: permite abater o principal da dívida pública sem aumentar oficialmente o superávir primário, esse malvado estratagema neoliberal para surrupiar a riqueza do povo trabalhador e sustentar a opulência das meretrizes do capital internacional. Não! Um governo socialista não faz superávit primário, investe no fortalecimento do estado e na soberania nacional!

Na era do lulismo, o triunfo do óbvio deve ser sempre comemorado com entusiasmo. Mas corrói-se um pouquinho mais esse aspecto da verdade que consiste em dar às coisas o nome que elas têm.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por mais que pareça economicamente natural, aceitável e aconselhável, eu ainda estranho muito essa história de "vender dívida". E mais estranho ainda o fato de alguém "comprar dívida". Se eu tentasse vender minha conta de luz ninguém ia querer comprar, mas tá certo que eu não sou uma pot~encia petrolífera.

Mas eu não entendi para que pagar juros para si mesmo... xá ver:
Brasil precisa de 100 reais e Brasil empresta 100 reais aí Brasil recupera 112,25 reais.